Um estudo inédito conduzido por pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade DE São Paulo (USP) conseguiu identificar uma ligação entre os casos graves de Covid-19 e um grupo de proteínas do corpo humano.
Trata-se dos inflamossomos, proteínas que são ativadas quando o organismo precisa se defender de algum invasor. Quando ativado na medida certa, eles protegem os órgãos e combatem os invasores, mas no caso de pacientes graves de Covid-19, os pesquisadores identificaram uma ativação descontrolada que gerou inflamação severa.
“Fazendo uma analogia seria como se nosso corpo fosse uma casa e essas proteínas são o fogo. A gente precisa do fogo, a gente usa para cozinhar, para acender uma vela, para fazer um churrasco. Mas, ao mesmo tempo, se ela está superativada, descontrolada, pode incendiar a casa inteira e sair do controle. Então, as proteínas que fazem a defesa do nosso corpo, têm que ser muito controladas. Esse vírus, o coronavírus, Sars-Cov-2, ele ativa demais essas proteínas e elas podem piorar o quadro clínico” – explicou Dario Zamboni, coordenador da pesquisa.
Zamboni é professor do Departamento de Biologia Celular e Molecular e Bioagentes Patogênicos e do Centro de Pesquisas em Doenças Inflamatórias. Ele conta que foi iniciado um estudo para testar a ação de um medicamento – com nome mantido em sigilo – que se mostrou eficaz na redução pela metade do tempo de internação de pacientes com Covid-19 em enfermarias e UTIs.
As análises são preliminares, mas dão corpo para a realização de um teste clínico mais numeroso, que pode resultar em mais tratamento contra a Covid-19, a exemplo da medicação com corticoides em casos graves. Os resultados foram publicados em novembro no importante Journal of Experimental Medicine, e chamou a atenção da comunidade internacional.